Pode usar meu celular

Te contei que eu estou cansado, mas vou tentar soletrar pra você. Acredito que você percebeu que ando ocupado para todo esse drama, talvez eu esteja perdendo o controle. Sinto muito por não ter atendido sua ligação durante a madrugada. Não preciso abrir um pergaminho de desculpas, já é sabido que faço o que é melhor pra mim. Ainda não consegui entender a lógica: dentre tantas pessoas no mundo, você sempre tem que trazer junto conosco o Paulo, Ricardo, Nina e Ana. 


Entrei em um bar tentando encontrar algum rosto simpático, mas me causa estranheza porque todos parecem iguais. Reflito sobre minha dificuldade de me encaixar nesta modernidade, enquanto você se lamenta molhando a garganta com sua Stella quente. Um pequeno talk show de perguntas que já foram feitas e respostas que mudam com o tempo. Enquanto te ouço falar, conto as 35 lantejoulas na sua camisa: 12 brancas e 23 alaranjadas.

Tão previsível quanto a tarde de um domingo que anuncia a chegada da segunda-feira. Eu me divirto com a forma que você ajeita os cabelos, parece tanto ser imponente que, poderia destruir os meus muros. Suas tatuagens contam uma história enquanto sua boca inventa poemas, todos prestam atenção quando começa a recitar, como pode tanta espontaneidade? Ensaiado ou não cronometrado, parece que ninguém tinha ouvido falar sobre isto antes. 

Acho melhor você ligar pra Ana e pedir pra vir buscar suas coisas!





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