Sobre as bagagens

Quando a gente aceita o convite de fazer parte da vida de uma pessoa e vice-versa, aceitamos também carregar juntos as bagagens. Estar de mãos dadas não significa apenas um ato de carinho ou cuidado para atravessar a rua juntos: é a união das almas.
Foram estradas diferentes, com ou sem sinalização ou semáforo. Ruas escuras, tumultuadas, vazias. Algumas ruas sem saída, outras nas quais decidimos voltar no meio da caminhada. Trazemos flores que roubamos em jardins, gentilezas, amarguras, alegrias, mágoas. Lembranças.
São marcas e cicatrizes. Algumas ficam até bonitas e se tornam um atrativo a mais, mas outras preferem ficar bem escondidas. 

Aceitamos as músicas que fizeram o outro ser como é e dançar como gosta, a preferência pelo doce ou salgado, o apelido de infância, a pinta de nascença. Aceitamos o outro. 
E o que teria permitido o encontro de duas pessoas que seguiram por estradas tão diferentes, se não a vontade de Deus? Ele esteve (e está) em cada passo, em cada tropeço, em cada queda e no seu levantar. Ele uniu as estradas e as bagagens.
Por algum motivo ainda desconhecido, a bagagem do outro pode parecer mais difícil para ser carregada do que a nossa própria. Mas a gente segue amando, admirando, desejando e dividindo os pesos. Deixamos pelo caminho alguns entulhos e guardamos naquele bolso mais escondido da mala aquilo que não deixaremos nunca: é nosso e ponto.

Vamos dar as mãos.
Vamos nos abraçar.
As estradas são longas e talvez tortuosas, mas a companhia faz brotar suas flores favoritas por toda a estrada de concreto!

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