Para acalentar teu coração...

É preciso muita sensibilidade para perceber a dinâmica quase silenciosa do desinteresse. Mantenha casta a alma para aceitar que temos (e nisto está incluso o Outro) direito à escolha de querer ficar ou partir. É dolorido quando somos surpreendidos por uma rasteira da partida anunciada ou não, mas por que este medo da despedida? Se é ela a responsável por abrir espaços e possibilidades para o novo. Areja esse cabeça, esvazia esse peito: esteja ciente que vivemos em movimento, e os sentimentos podem acompanhar esta rotina moderna.

Perceba a crueldade que é exigir que o Outro se desmonte como um quebra-cabeça que levou anos para ser montado, para que você organize as peças da forma que acredita ser a de melhor encaixe, mesmo que isto deixe o desenho deformado. Isto está atrelado à ilusória ideia (que eu prefiro chamar de neurose) da necessidade de controle de situações, pessoas. Ora, se o ser não é livre nem em seus pensamentos, anulemos então a nomenclatura “ser-humano” e achemos algo relacionado a um objeto inanimado.

Aquele que por alguma razão decidiu mudar o enredo da estória, não necessariamente pode estar consciente de seu papel de verbalizar sua vontade de partida; daí então a proposta de trabalhar individualmente a sensitividade além dos sentidos físicos, busque por algo que transcenda os ossos e a carne. Caso a leitura da situação esteja turva, mude a lente e faça um mergulho em si: algo será desvendado, desvelado, descoberto. Busque o que está submergido nas profundezas do teu EU. Faça você por você, não é preciso esperar o outro parado. Pôde-se esperar também em movimento!

Deixa de lado esta coisa de dedos apontados. A culpa será no máximo um entulho emocional que ocupará espaço no armário do coração, deixando menor a disponibilidade de lugar para sentimentos bons. Aceite o movimento daquilo que não nasceu enraizado: nós. Aceite e respeite também a sua vontade/necessidade de partir também. Em tempos de correria e frieza, permita colocar as cartas na mesa antes do fim da partida. Não trapaceie com você ou o Outro.

Onde quer que você esteja lendo isto, desejo todo tipo de amor.
Até breve!

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