Casa Pré-Fabricada

Eu fugi da minha casa que não consegue mais me comportar, dos fantasmas vivos que me assombram, dos cachorros que não param de latir, fugi por entre os carros. Eu corri até o alto das montanhas, tentei tocar as nuvens no céu enquanto a chuva molhava meu rosto e meus pés: lave meus medos, leve meus pecados. Eu escalei árvores, eu desci barrancos. Passei por aquela casa antiga, cheia de cartas abandonadas na caixa de correio e senti o mesmo arrepio de sempre.

Eu fugi para perto do mar, mergulhei o mais fundo que consegui, tentei fazer parte de um cardume. Passei em frente à igreja, senti o perfume do defumador do terreiro, acendi as velas e questionei a minha fé. Eu fugi para o cemitério, transitei por entre os túmulos e senti saudade de coisas e de pessoas que não conheci. Comprei água no bar da esquina para diminuir a temperatura do corpo.

Eu fugi do silêncio das ruas e da gritaria na minha cabeça, das bitucas de cigarro, do copo de coca-cola, do livro empoeirado, da televisão que fala sozinha. Voltei para minha casa pré-fabricada, abri as janelas e deixei o frescor da tarde de outono entrar. Bem agasalhado, fixei os pés no chão e os olhos nas estrelas espalhadas pelo céu enquanto fui preenchido pela gratidão.



Descobri que acreditar é o princípio para acontecer. Ter fé em algo ou alguém, na vida, no Universo, no Poder Superior, em você, em tudo ou no nome que você escolher. Espalhar amor, essa é a minha religião!

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