Soletrando

Não, meu amor. Você não entendeu errado, mas não me entenda mal. Talvez o que tivesse que ser dito em tom de serenidade saiu pela garganta como um grito. Mas ouça, eu usei os pronomes corretos e pausei pra respirar nos lugares das frases onde eu colocava a vírgula imaginária. Preciso confessar que usei de alguns verbos para falar no imperativo, quase obrigando o sujeito a se apaixonar pelo objeto indireto. Eu sei que você percebeu a minha dificuldade em encaixar as reticências, é que no meu diálogo, elas ficam onde se sentirem bem.

Citei nomes e números por extenso, que mesmo fazendo parte da interjeição, coube na minhas unidades sintáticas que alguns chamam de oração. Enquanto você aperta os olhos como quem quer enxergar melhor, percebo seus ouvidos atentos à sintaxe das frases particulares. Um oceano de pontuações, liderando o ranking estão aquelas vibrantes e quase histéricas: as exclamativas. Não coloque mofos na morfologia do que te digo, por favor! 

Você me abraça e eu me confundo com os adjuntos adnominais, afinal, o arrepio tem direito a fala diante de tamanha audácia. Você ganha tempo enquanto vasculho o dicionário em busca de predicativos para te descrever. Pelo plano astral, podemos entender como conjunção de corpos que se desejam. Soa como música para meus ouvidos o complemento nominal que vibra nesse encontro. E eu me deito, enquanto ele me lê...

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