Mudança de estação

Não podemos fazer promessas agora, mas você pode pagar um drink. Você acha graça de como fico sem jeito com a forma que você me olha, fotografando cada movimento meu. Parece uma tentativa de registrar além das lentes; parece querer ter a certeza que gosto de como me faz sentir. Tirando sarro do meu sapato azul enquanto reparo sua blusa pólo branca com jeans escuro. Não consigo prestar atenção no que você diz... Já estamos no verão?


Descendo as escadas você segura minha mão para escorregar e gargalha do meu astigmatismo. Na estrada, com as janelas abertas e o vento batendo no rosto, sinto sua mão na nuca e nem lembro mais qual música toca na rádio. Você me convida para tentar encontrar constelações no céu, deitados na grama do jardim do vizinho. Aquele avião parece familiar, voando na mesma direção dos seus olhos em direção aos meus. Um encontro pra aquecer qualquer inverno!

Te conto da sensação de saber que está chegando, vendo os farois se aproximando. Toda a rotina para sair de casa: conferir o gás, trancar a porta, descer as escadas, tirar o cadeado e colocar de novo. Na volta tudo se repete, e por um momento pode parecer cansativo, mas você sorri. É engraçado como lembramos da infância e agimos como se fôssemos de outro planeta. É quase um acalento de outono.

Você confessa que, às vezes antes de dormir, imagina se estou pensando em você. Logo nessa noite fria que antecedente a primavera, respondo. Não é delicado falar sobre isso? 




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