Moletom

Bermuda verde, uma regata preta e um celular novo. Um olhar distraído com um sorriso espaçoso, a postura ereta de quem certamente não ficaria em recuperação. Faz tanto tempo mas ainda consigo lembrar, eu era tão novo e achava que sabia de tudo. O coração rebelde de quem errava achando que estava acertando, cabelos coloridos e argumentos políticos. Eu e a antiga arrogância de acreditar saber de tudo. Mas eu não sabia de nada, até você chegar.



Excessivo, além da medida do extrovertido e carismático com um vazio que quase ninguém conhecia. Tiradas engraçadas e uma gargalhada que chama a atenção, alta no tom de quem se diverte despreocupado. Caminhar pela cidade, conhecer bares e lugares, era tudo que eu precisava. Mas eu sabia que você chegaria, vestindo seu moletom preto, da sua marca favorita. 

Em algum lugar dentro de mim, eu sabia que você chegaria como um final de semana de sol. Andando com passos largos, concorrendo com os ponteiros, pra que eu fosse sua calmaria. Eu te reconheceria usando aquela calça jeans desbotada, com o rosto iluminado pelas lâmpadas do corredor. Eu sentiria meu coração bater como escolas de samba, mesmo sem saber puxar a bateria na Sapucaí. 

Sabia que seria como tatuagem, com beijos que marcam a pele com arrepios. Que nós iríamos andar pelo jardim e você furaria o dedo no espinho. E quando eu achasse que despertaria do sonho que inventei, você me vestiria e diria que esperava há muito tempo por esse momento.

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