Ineditismo

Desde que me dei conta da minha finitude aqui na Terra, optei por transbordar quaisquer sentimentos que me preencham. Aprendi a dizer não sem sentir culpa, não deixando que o peso simbólico desta curta palavra torne minha postura curva. Descobri que a reciprocidade não é apenas uma sorte: é uma escolha. Alimentar relações vazias me causava inquietação mental e desconforto emocional, atrapalhando a minha busca pela plenitude. Nada do que é raso me atrai, sinto com minhas entranhas, preciso sentir cada músculo tensionando e o coração bombeando de forma a perder a contagem das batidas. Aprendi também que o mundo não me deve nada, tudo é uma resposta do que eu ofereço ao universo.

Passei noites frias regando travesseiros e me deitei no chão mesmo quando eu acreditava que ele não estava mais ali. Forcei a entrada de esperanças e deixei a porta aberta para receber a visita de um Ser Superior, me permitindo agarrar a algo que me mantesse suspenso enquanto estivesse preso no meu casulo de introspecção. Encontrei em mim as respostas para as minha indagações. Me surpreendi ao perceber que posso superar quaisquer perdas e que as flores do meu jardim florescem nas quatro estações do ano, desde que eu as regue e lhes conte histórias de amor.

Finalmente eu descobri o que fazer com tanto amor que trago aqui dentro: entregá-lo para mim. A imagem que tenho de mim é consequentemente a imagem que as pessoas irão perceber, independente da lente que estiverem usando. Na minha busca narcisista por mim mesmo, encontrei espaço pra pensar em você. Desejo que você também se encontre, para assim vir ao me encontro. Não tenho moradia, me procure pelo caminho. A estrada me chama, a vida sussurra em meus ouvidos gentilmente palavras de apoio e esperança. Logo ali está tudo que eu sempre busquei. Se apresse caso queira estar comigo pois fiz as pazes com minha solidão, mas ela não será companhia na minha caminhada.

*

*