Circo
Ele não tem controle de nada. Essa tomada de consciência lhe custou muitas noites não dormidas, olheiras semanais, maços de cigarro e quilos de café. Ele pode escolher a roupa que vou vestir, o que fazer com os sentimentos do dia, se vai ou prefere ficar, mas todo passo na corda bamba pode ser em falso. E ele que achou ter vocação para palhaço, animando o público e levando risos, foi subtamente promovido a dono do circo: era responsável pelo espaço onde promovia as risadas.
De cara pintada ele encara todas as caras que estão no seu campo de visão, mas lembra de se virar para entregar o buquê de rosas para a plateia que o assistia do outro lado da arquibancada. O centro do picadeiro era dele naquele pedaço do show; a volta para o camarim era um ritual: tirar a maquiagem na frente do espelho e se reconhecer mais uma vez.
A lona parecia majestosa, maior do que parecia ser anteriormente. A cor vermelha queimava os olhos e trazia aflição no lugar da empolgação de estar. Os aplausos deixaram de ser um reconhecimento para ser um objetivo. Tão dramático e robótico que só o sorriso pintado no rosto poderia disfarçar o riso amarelo tão evidente na cara pálida. Sentia que estava perdendo o controle, que as pontas dos sapatos não estavam mais tão arrebitadas, o nariz parecia alaranjado, a buzina não soava tão alto, o buquê de flores não espirrava água porque, entre tudo, ele esqueceu de colocar água no recipiente escondido.
Ele perdeu o controle e parece que essa foi uma das melhores coisas que lhe aconteceu. Parecia desligado das cobranças que lhe chegavam pelos ventos, mas estava atento àquilo que sua intuição o pedia para fazer. Aquelas pequena quantidade de pessoas sentadas dobrou de tamanho na semana seguinte, o som das gargalhadas ecoavam por todo o lugar. Fez o seu papel e observou, neutro, o papel dos colegas em seguida. Se deu conta que toda aquela orgânica era o que fazia o coelho aparecer na cartola.
Ele não tem o controle de nada, porque respeita sua fluidez.
De cara pintada ele encara todas as caras que estão no seu campo de visão, mas lembra de se virar para entregar o buquê de rosas para a plateia que o assistia do outro lado da arquibancada. O centro do picadeiro era dele naquele pedaço do show; a volta para o camarim era um ritual: tirar a maquiagem na frente do espelho e se reconhecer mais uma vez.
A lona parecia majestosa, maior do que parecia ser anteriormente. A cor vermelha queimava os olhos e trazia aflição no lugar da empolgação de estar. Os aplausos deixaram de ser um reconhecimento para ser um objetivo. Tão dramático e robótico que só o sorriso pintado no rosto poderia disfarçar o riso amarelo tão evidente na cara pálida. Sentia que estava perdendo o controle, que as pontas dos sapatos não estavam mais tão arrebitadas, o nariz parecia alaranjado, a buzina não soava tão alto, o buquê de flores não espirrava água porque, entre tudo, ele esqueceu de colocar água no recipiente escondido.
Ele perdeu o controle e parece que essa foi uma das melhores coisas que lhe aconteceu. Parecia desligado das cobranças que lhe chegavam pelos ventos, mas estava atento àquilo que sua intuição o pedia para fazer. Aquelas pequena quantidade de pessoas sentadas dobrou de tamanho na semana seguinte, o som das gargalhadas ecoavam por todo o lugar. Fez o seu papel e observou, neutro, o papel dos colegas em seguida. Se deu conta que toda aquela orgânica era o que fazia o coelho aparecer na cartola.
Ele não tem o controle de nada, porque respeita sua fluidez.
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