A ponte

Não comece esperando que eu vá ressaltar a arquitetura histórica ou falar sobre a água cristalina que corre debaixo, mesmo sendo as pitadas de glitter que dão magia ao lugar. Eu tinha o hábito de me sentar no banco da calçada e observar as pessoas atravessando para o outro lado. Via passos rápidos que roubavam o tempo para admirar a magia da travessia, outros pareciam usar aquele momento como uma oportunidade de se transportar (mesmo que para o outro lado da rua). Alguns iam e outros vinham enquanto eu observava. 


Por curiosidade, ou por ter ingerido doses suficientes de coragem, esperei até o pôr do sol e arrisquei pisar com meus sapatos de sola lisa nas madeiras escorregadias pelo lodo. As mãos trêmulas seguravam firme no corrimão vermelho desbotado, não podia deixar o medo de altura impedir de olhar pra baixo e conhecer o rio. 3, 4, 5, já deu mais passos do que achava ter contado e mal se dava conta que a metade do caminho estava logo ali. 

De um lado há casas, estacionamento, trânsito, comércio e do outro também. Mas afinal, o que há de mágico em um desses lados que torna as pessoas íntimas dessa ponte? Mal sabia que nunca encontraria a resposta até eu reformular a pergunta. O que eu descobri é que não importa, a magia está no entre, aquele que abriga todas as razões que nos fizeram atravessar. Quem eu sou, agora, dependeu de quem eu fui sentado no banco e contando passos no caminho!

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