Diálogo

Enquanto conversávamos na varanda fazia frio, você começa dizendo que se sente estranho por desabafar com um amigo da sua esposa. Pede pra que eu não conte nada pra ela ou outra pessoa, mas que estão tendo desencontros constantes. Eu sorrio e digo que me sinto lisonjeado em poder ajudar, porque cinco minutos atrás, eu acreditava que estava tudo bem. Aproveitei pra perguntar porque você está falando sobre isso agora, às vésperas da primavera, e você disse que precisa desabafar. Eu te contei que tenho evitado comer carne e coisas de origem animal e você disse que não importa, pois meus sapatos são de couro. Continua revelando que mesmo que eu tente evitar, eu ainda estou no topo da cadeia alimentar. Eu me arrepiei por inteiro. 

Eu sinto que esse papo vai ser uma cura.

Lembro da vez que fomos a um restaurante, e ao pagar a conta o dono se aproximou pra agradecer: "obrigado senhor, é um prazer receber vocês e seu dinheiro". Lembra de quando você me explicou sobre a inocência, eu pergunto. E você acenou positivamente com a cabeça. Digo e você concorda que, há tempos atrás, eu poderia responder grosseiramente aquele senhor. Nós demos risada da nossa imaturidade e nos orgulhamos de onde estamos agora, no aqui, indo pra algum lugar. 

Eu sinto que essa conversa vai mudar nossa lente.

Você já passou por situações mais difíceis, eu insisto em dizer. Eu reconheço esse olhar de quem questiona o que ouve, reconhecendo que talvez precise de um tempo pra pensar. Será que é um ciclo, você me pergunta. Eu respondo contando que a resposta que você precisa está no seu inconsciente. Não consegui trazer a solução pra dualidade entre o bem e o mal, e você usa poucas palavras pra afirmar que já sabia. A luz da lua faz parecer um portal, você brinca. E talvez seja mesmo, eu afirmo. 

Esse diálogo é era pra ser nosso! 




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