Cuida bem da tua forma de ser
Ele já tinha andado por ruas (des)conhecidas, visitado casas que já morou, deixou carta na caixa de correio na casa abandonada. Sentiu saudade de coisas que tinha vivido e de coisas que não tinha vivido, mas estava certo de que não queria estar ali novamente. Reviveu gostos e desgostos, machucou o dedo nos espinhos de uma rosa, provou do próprio sangue.
Ele já subiu em árvores, arrancou flores de um jardim pra fazer um buquê, pisou na grama em lugares proibidos, andou de mãos dadas pela praça, amou e foi amado na praça. Andou por trilhas já desbravadas e acreditou ter achado uma outra dimensão na trilha nova que foi a descoberta mais bacana da sua infância.
Já lutou, ganhou, perdeu e abraçou monstros. Próprios e do Outro. Sentiu arrependimento, angústia, orgulho. Sentiu solidão. Sentiu fé. Já acolheu, já foi acolhido. Exagerou nas taças de vinho na casa de alguém querido, já curou ressaca de alguém querido na sua casa. Já fugiu da realidade sozinho, já fugiu da realidade acompanhado. Estudou, colou, vermelhou, azulou, passou, graduou.
Tardiamente ganhou consciência de que os momentos fazem ele ser quem é. Mas tem o armário do peito repleto de casacos de afeto que não o deixam ser quem não é, por conta cicatrizes que traz na pele. Marcas que quase ninguém vê, ficam quase imperceptíveis pelo brilho do sorriso que tanto mostra quanto esconde.
Deseja então, VIDA!
Deseja então, VIDA!
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