Flores no Inverno
Escrever é um processo que me leva a exaustão emocional e mental. Isto porque eu preciso morrer pra mim, a caneta funciona como um para-raio das energias que estão canalizadas naquele pedaço de papel em branco. São alguns minutos de desligamento total, uma morte momentânea.
Mas morrer é renascer. Reapareço com uma peculiar habilidade de coletar inspirações dentro e fora, em mim ou no Outro. Eu misturo as existências, engasgo com sentimentos, respiro inseguranças, transpiro intenções. Tudo isto acontece ao mesmo tempo como se fosse uma engrenagem que mantém viva a ganância que a vida exige para estar vivo, algo sobre a dor e a delícia de viver.
Mesmo que eu fale sobre amor, mesmo que eu grite sobre o poder do universo, mesmo que humildemente eu reconheça a minha culpa, dói. Uma dor no punho aguda porque reflito na letra desenhada ou rasgada o tom da voz que seria usado se ao invés de escrito fosse falado. Todos os músculos do corpo ficam tensionados, consigo ouvir o ranger dos dentes dentro do silêncio que se instala. O ponto final é o gatilho: solto a caneta e me despeço, toda angústia colocada ali não me pertence mais.
É preciso muita sabedoria para viver em segurança com todas as emoções "primaverando" à flor da pele em todas as estações do ano.
Eu sou cercado de amor, eu devolvo amor.
Desejo que o Universo seja sempre gentil CONOSCO.
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