Nu

Desta vez eu não vou me desculpar. Eu entendi que pessoas que nasceram com o dom da hipersensibilidade são, por muitas, vezes incompreendidas. Dói, dói muito demonstrar involuntariamente o que se sente em uma sociedade em que a negação do emocional se instala. Machuca também despetalar como rosas ao vento quando nossas flores da pele são arrancadas com palavras duras de ignorância. Podemos ser tão peculiares ao nos expressar, tanto que até o Word sinaliza em vermelho minhas tentativas de licença poética.

Nos arriscamos morrer por dentro para não ferir o Outro, mesmo tendo consciência do quão nocivo isto pode ser. Mas quando é o Outro que morre em nós, fica extinta a ideia de ressurreição (guardada a simbologia religiosa da palavra). Regamos até de forma excessiva o jardim de sentimentos porque sabemos o quão frágil pode ser a confiança que depositamos. Como se fosse um mecanismo de defesa inverso.

Mas a gente peca. Pelo excesso e pela falta também. Viver em banho maria é desfalecer. A nossa ganância não é gritada aos quatro ventos, mas ela acontece enquanto o leitor acompanha estas palavras. Adormecemos o Leão porque sabemos que ele é indomável, beirando a adjetividade de incontrolável.

É preciso coragem pra falar de si de forma crua. É preciso coragem pra viver de forma nua.

Desejo coragem!

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